De acordo com dados recentes do IBGE e Ministério da Saúde, uma a cada três crianças brasileiras, entre cinco e nove anos, está acima do peso.
Causada pela falta de atividade física e alimentação rica em gordura, açúcares e alimentos industrializados, a obesidade infantil atinge 16,6% dos meninos e 11,8% das meninas do país.
E para alertar os pais, no Dia das Crianças, 12 de outubro, a Fundação Pró-Rim chamou atenção para este problema mundial: a obesidade infantil.
Os médicos podem fazer o diagnóstico através do índice de massa corpórea (IMC), que é a divisão do peso pela altura ao quadrado para crianças maiores de 5 anos. Já as menores, são diagnosticadas por gráficos de peso para idade e peso para estatura, conforme o sexo.
Dados da ABESO (Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica) mostram que é considerada Obesidade Grau I quando o resultado do IMC vai de 30 a 34,9, categoria II de 35 a 39,9 e III de 40 acima. De acordo com o Ministério da Saúde, uma em cada três crianças brasileiras sofre com a doença.
Rafaela Gonzaga, nutricionista da Fundação Pró-Rim, diz que as consequências da obesidade infantil podem estar relacionadas em diversos aspectos da saúde, seja na própria infância como na fase adulta. É importante destacar que a relação da obesidade com várias doenças, entre elas a diabetes e a hipertensão arterial, descritas como uma das principais causas da insuficiência renal crônica (IRC).
Segundo o nefropediatra, também da Pró-Rim, Dr. Artur Wendhausen, existem fatores de risco que são peculiares a IRC na infância, como síndromes genéticas, má formações do trato urinário, infecções urinárias, antecedente familiar de doenças renais, hipertensão arterial, diabetes e glomerulonefrite, tipo mais comum de nefrite.
"A obesidade e o sobrepeso sofrem influência de fatores biológicos, psicológicos e socioeconômicos. Mas, os hábitos alimentares influenciam de forma marcante o balanço energético positivo das crianças", destaca a nutricionista.
Estes fatores, segundo ela, estão relacionados ao estilo de vida da criança que mudam junto com a dinâmica familiar. "Hábitos como não tomar café da manhã, jantar grande quantidade calórica, ingerir uma variedade cada vez maior de alimentos industrializados, consumir líquidos leves em excesso, mas calóricos e não praticar atividades físicas são prejudiciais e indutores de obesidade", completa.
Neste caso, segundo a Rafaela, as preferências alimentares das crianças, assim como atividades físicas, são influenciadas diretamente pelos hábitos dos pais, sendo necessário a eles um estilo de vida saudável, pensando na saúde dos filhos.
Para o nefropediatra "está muito claro que hoje a ingestão acentuada de sódio, a baixa ingestão de água e a falta de atividade física regular têm influenciado no metabolismo das crianças, causando o surgimento de alterações da função renal e problemas cardiovasculares. Salgadinhos e alimentos industrializados estão entre os principais vilões".
Desde a primeira infância com bons hábitos
A escolha por refeições e lanches saudáveis é sempre a melhor opção. Porém, Rafaela sugere que a própria criança escolha a quantidade que deseja comer destes alimentos. "Aos poucos estas escolhas tendem a fazer parte do cardápio preferido dos pequenos", explica.
Estabelecer um ponto de saciedade: perigo
Quando as crianças são obrigadas a comer tudo o que é servido, elas podem perder o ponto da saciedade e isso estimula o consumo excessivo de outros alimentos não saudáveis.
Horário regulares para as refeições: café da manhã, lanche da manhã, almoço, lanche da tarde e janta. Na lista, frutas, verduras, arroz, feijão, carnes magras e poucos alimentos industrializados e fritos.
Mais alerta: "as crianças seguem padrões paternos e se eles não forem modificados haverá insucesso em qualquer tipo de tratamento", finaliza a nutricionista da Fundação Pró-Rim.