Nos Estados Unidos, uma equipa médica conseguiu usar o mesmo rim em dois transplantes, depois do primeiro paciente revelar sintomas de uma doença que podia afetar o órgão. Esta novidade poderá revolucionar a vida dos milhares de doentes que enfrentam longas listas de espera por um transplante.
Pela primeira vez na história da medicina, um rim que tinha sido doado a um paciente foi removido e transplantado com sucesso para outro doente que se tornou assim a terceira pessoa a receber aquele órgão. O procedimento foi efetuado no final de Abril pelo Hospital de Northwestern (EUA).
O primeiro doente que recebeu o rim sofre de uma doença chamada glomeruloesclerose segmentar e focal (GESF) que ataca o rim, causando danos na região responsável por filtrar o sangue.
Apesar do transplante, que resultou da doação da sua irmã, o jovem paciente, de 27 anos, não conseguiu ultrapassar os sintomas da GESF e o seu "novo" rim começou, em poucos dias, a ser afetado pela doença. Em 50 por cento dos doentes com GESF o transplante não resolve o problema.
Os médicos optaram então por reciclar aquele órgão de maneira a salvar a vida de uma outra pessoa. O cirurgião Lorenzo Gallon, que dirigiu a equipa responsável pelo transplante, explica em comunicado que a equipa médica discutiu os riscos da operação - incluindo o facto do rim ter estado brevemente exposto à GESF - mas optou por avançar.
O novo dador não hesitou em autorizar a doação do próprio rim que lhe tinham transplantado. Assim, duas semana depois, o órgão foi transplantado para um médico de 67 anos, pai de cinco filhos, que estava na lista de espera nacional dos EUA.
"Este é um momento inédito porque demostra que podemos reverter os danos causados pela GESF num rim saudável e integrá-lo de novo num corpo com um sistema circulatório saudável", diz no comunicado Joseph Leventhal, um outro médico que participou na cirurgia.
Este procedimento promete revolucionar a vida de milhares de doentes em todo o mundo que aguardam por um transplante de rim. O estudo que descreve o procedimento foi divulgado a semana passada no jornal norte-americano New England Journal of Medicine.
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