A doença renal crônica é caracterizada pela perda lenta e progressiva da função renal. Geralmente silenciosa, ela se manifesta somente quando já está em estágio avançado. Entre as suas principais causas estão o diabetes e a hipertensão arterial: os níveis elevados de pressão arterial causam um estreitamento dos vasos dos rins e os néfrons (espécie de filtros nos rins) são destruídos progressivamente por falta de irrigação.
Anemia, doença óssea (a vitamina D mais ativa é produzida no rim) e elevação da pressão arterial são algumas de suas consequências mais graves. Existem cinco estágios da doença, de acordo com o grau de lesão e perda da função renal. No estágio cinco, quando o paciente já perdeu mais de 85% da função renal, é necessária uma terapia de substituição.
Diagnóstico precoce é fundamental
Quando a doença é diagnosticada em fase inicial, ela tem tratamento e pode ser controlada.
- Medir os índices de creatinina no sangue é uma maneira simples e eficaz de saber se os rins estão funcionando normalmente. É um exame realizado nos mesmos moldes dos testes de glicose e de tantos outros exames de sangue muito comuns. A insuficiência renal é uma doença silenciosa; o paciente só percebe os sintomas quando já está em estágios avançados e deve ser encaminhados para diálise ou para o transplante renal - informa o nefrologista, professor da USP e Presidente da Sociedade Paulista de Nefrologia, Hugo Abensur.
A creatinina é um metabólito que circula pelo sangue e serve como um marcador do funcionamento dos rins. É derivada da creatina, substância produzida pela musculatura que, ao transformar-se em creatinina, deve ser eliminada pelos rins. O valor da creatinina em indivíduos normais apresenta uma variação em relação ao sexo e ao volume de massa muscular. A sua concentração no sangue é maior nos homens e nos atletas. Nas mulheres, crianças e idosos, a concentração sanguínea é, proporcionalmente, menor. Seus valores aumentam à medida que ocorre a diminuição da função dos rins. Por isso, são utilizados como marcadores da função renal. Os aumentos se tornam significativos quando existe uma perda de mais de 50% da função dos rins.
Tratamentos e o papel da vitamina D
A doença renal crônica em estágio avançado pode afetar a função óssea, levando o paciente a fraturas constantes, dores crônicas, problemas vasculares e morte prematura. Esta condição, chamada de Hiperparatiroidismo Secundário, pode ser controlada por outro teste simples de sangue, que mede a concentração de cálcio, permitindo melhor controle dos níveis de vitamina D e, consequentemente, melhor qualidade de vida para o paciente já em estágio avançado da doença.
Para o controle geral da doença em estágio avançado, existem duas opções de tratamento: transplante renal, que oferece melhor qualidade de vida e maior sobrevida e a diálise, processo de filtragem do sangue com eliminação das toxinas e do excesso de líquido acumulado, que deve ser realizado, em sessões semanais, geralmente em ambiente hospitalar ou em clínicas especializadas.
Como se prevenir
Hábitos alimentares saudáveis, manter o peso adequado e não fumar são algumas das medidas que podem prevenir a doença renal crônica.
- Com estas atitudes e o diagnóstico precoce, podemos diminuir ou até mesmo evitar a progressão desta doença que causa tantos transtornos para o paciente e de custo elevadíssimo para nossa sociedade - acrescenta o nefrologista.